No contexto de desenvolver um texto acerca do tema da Educação em época de pandemia, pautamos três pontos principais.
O primeiro relativo ao nome designado para EAD (abreviação de educação à distância). Isso vai desde as discussões em defesa do termo educação remota, educação distanciada, aulas ao vivo, aulas on-line, entre outras. Evita-se uns termos, preferem-se outros… tudo em busca de uma melhor forma de dizer que temos buscado fazer diferente, numa tentativa de desenvolver e dar contas das aprendizagens planejadas em contexto virtual.
Ledo engano seria dizermos que nosso interesse em estudar permanece o mesmo, inalterado ou até com mais adesão pelas aulas via internet. Outro engano seria dizer que, mesmo aparentemente com tempo a mais dentro de casa tem sido mais confortável estudar. Enquanto as milhares de famílias revezam o único e lento computador dentro de casa, os sites vão sendo absurdamente abastecidos de conteúdos invadindo a(s) tela(s) da residência.
Enquanto isso o abismo social que existe entre nós só vai aumentando, entre quem tem disponibilidade de acesso, ferramentas e condições aos que estão lutando pela sobrevivência, combatendo hora a hora o desafio da fome, porque não tem co-mi-da!
Talvez a pandemia tenha trazido para nós um grande saculejo, convidando a observar até onde nossa mão alcança. A Associação Nacional de Pesquisadores em Educação emitiu nota defendendo as premissas garantidas em lei, manifestando preocupação com a situação da educação no País. Além disso, denuncia as inconsequências governamentais, especialmente a ilegalidade que tem se desenvolvido com as crianças da educação infantil.
O texto nos lembra de que primordialmente temos o compromisso de resguardar nossas conquistas, pela garantia do direito à educação de qualidade. Em alguns casos, garantida de forma presencial, especialmente na primeira infância, conforme previsto na Constituição Federal, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação,e no Estatuto da criança e do Adolescente e nas Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil. A partir disso, como pensar o currículo das crianças. Se o sofá e o WhatsApp, por vezes andam mais atrativos?
Considerando isso, este texto não tem como intuito cravejar a faca da condenação ao cenário da educação em tempo de pandemia, tampouco culpabilizar os colegas profissionais pelos caminhos encontrados. Mas de desenvolver reflexões que contribuam para nos formarmos mutuamente, aproveitando os desafios e possibilidades que se descortinam para fortalecer nossos laços.
Nesse sentido passamos ao segundo ponto, acerca das atribuições aos responsáveis das crianças. Boa Ventura de Souza Santos, referencial da área da educação dá pistas. Publicou um livro recentemente abordando “A cruel pedagogia do vírus”. Nele, nos ensina sobre os grandes unicórnios do mundo: Capitalismo, colonialismo e patriarcado.
A pandemia nos dá a oportunidade do dever de casa entre os nós, dentro da família, do nosso lar. E têm atividades muito simples. De como distribuímos as atividades de cuidado com a casa e com o outro. Ainda estamos em tempo de redistribuir quando e quem arruma a cama, limpa a casa, faz a comida, lava a roupa, cuida dos animais. Já testou fazer um desenho no papel, colocando estas atribuições domésticas e os responsáveis por elas? Como fica esse desenho no meio em que você convive? Qual a sua responsabilidade nele? Não podemos deixar de dizer que isso envolve profunda análise do papel da mulher em sociedade (se ainda não entendeu sobre isso, clica aqui, tem uma tirinha bem legal explicando). Em alguma parte do planejamento dos conteúdos da escola nos esquecemos disso.